Agradecimentos a Régis Augusto Romualdo
Antes do colosso do Morumbi existir, o São Paulo esteve por demais ligado ao Estádio Municipal de São Paulo, batizado em 1961 como Estádio Paulo Machado de Carvalho por proposta do jornalista e vereador Ary Silva.
Foi lá que o São Paulo aplicou sua maior goleada na história: 12 x 1 no Jabaquara (14/07/1945), a maior também da história do Estádio - e do futebol profissional do estado, na 1ª divisão. E onde também goleou o Santos por 9 x 1 (18/06/1944 - dia em que também havia goleado os aspirantes praianos por 14 x 0)
Foi lá que o São Paulo foi campeão do Torneio Início de 1940, vencendo por 2 x 0 o Corinthians (27/04/1940) se tornando assim o primeiro campeão do recém inaugurado estádio. Neste mesmo torneio o time foi recepcionado com estrondosa ovação pela torcida (em repúdio a Getúlio Vargas) no episódio que desencadeou a adoção da alcunha de "O Mais Querido".
Foi lá que o São Paulo estreou Leônidas da Silva, o bonde de 200 contos de réis, em um empate 3 x 3 com o Corinthians (24/05/1942) que levou 72 mil e 281 pessoas à platéia. Recorde de público até hoje do Pacaembu - Corinthians, aliás, que é freguês do Tricolor em jogos no Municipal e que tomou sua maior goleada em clássicos justamente no Pacaembu...
Foi lá que o São Paulo reinou nos anos 40, onde conquistou seus 5 títulos paulistas naquela década, e ainda a vitória de 1957, às vésperas da inauguração do Morumbi.
Enfim... Não bastasse tamanha identificação histórica por feitos e conquistas, a ligação do São Paulo com o estádio que leva o nome de um de seus presidentes também foi, por assim dizer, mais oficial.
A imagem inicial, à cima, do jornal A Noite de 24 de maio de 1940, relata a tentativa do São Paulo de "arrendar" o Estádio Municipal:
Pacaembú, Campo oficial do São Paulo F.C.
Pleiteada uma licença especial junto á Prefeitura do Estado - Sensacionais declarações do Sr. Armando Gomes, tesoureiro do gremio bandeirante, á reportagem de A NOITE - O Palestra fará oposição - Uma reunião agitada no conselho de Fundadores da L.F.E.S.P.
S. Paulo, 24 (Da Sucursal de A NOITE, pelo telefone) - O tesoureiro geral do São Paulo F. C., Sr. Armando Gomes, ouvido pela reportagem de A NOITE, adiantou uma notícia de sensação.
Disse o dirigente do tricolor bandeirante que o São Paulo havia obtido da Prefeitura do Estado uma licença para a cessão do Estádio Municipal do Pacaembú, mediante o pagamento da taxa de 10% sobre a renda bruta apurada. Terá o São Paulo, em carater permanente a posse da majetosa praça de sports, onde passarão a se realizar as atividades de seus diversos departamentos.
Convocados o Conselho de Fundadores da Liga Paulista
O São Paulo, providenciando sobre o palpitante assunto, requereu á Liga de São Paulo a convocação do Conselho de Fundadores. Será pleiteada então pelo gremio tricolor a oficialização do campo do Pacaembú para local dos seus encontros, em obediencia ao que dispõem os regulamentos da entidade.
Oposição do Palestra?
Consta que surgirá do Palestra uma forte oposição aos desejos do São Paulo. Adianta-se que o gremio palestrino tentará frustrar os planos dos tricolores na reunião do Conselho de Fundadores.
Afirmou-nos ainda o diretor do São Paulo que o seu club cederá o estadio aos clubs para pelejas amistosas, segundo uma taixa fixa estabelecida.
***
Aqui, vemos que o São Paulo já havia obtido os certificados necessários junto a prefeitura. Faltava, somente, oficializar o uso do Estádio, como campo oficial do Tricolor, em jogos do Campeonato, então organizado pela LFESP (a FPF foi fundada em 1941), devido a cláusulas da federação.
Interessante notar a, no mínimo, peculiar recusa do Palmeiras, então Palestra Itália, em aceitar que os jogos do São Paulo pelo Campeonato fossem realizados no Pacaembu. (Ainda mais se pensarmos a boataria que surgiu referente a estádios anos depois).
Terminada a citada reunião, o jornal MEIO DIA de 29 de maio de 1940, retratou a decisão final e os procedimentos:
Agradecimentos a Régis Augusto Romualdo
O S. Paulo F. C. Está Comendo De Colher...
Pacaembú, campo oficial do Tricolor Paulista
S. Paulo, 29 (Do correspondente) - A reunião do Conselho de Fundadores da Liga de Football convocada exclusivamente para ser debatida a questão da realização de jogos de campeonato no Estadio Municial de Pacaembú, que o São Paulo F. C. pretendia utilizar e que, nesse caso, conforme os estatutos em vigor, não poderia ser usada por outros clubes para jogos oficiais.
Estiveram presentes representantes de todos os clubes, exceto da Portuguesa santista, sendo os trabalhos dirigidos pelo sr. Francisco Pati, presidente da entidade da rua Xavier de Toledo.
Todos os clubes podem jogar no Estadio.
Exposta a questão, os representantes dos fundadores procuraram examiná-la em face dos estatutos, que estabelecem, em seu artigo 100, que dois ou mais clubes não poderão mandar jogos num mesmo campo.
Após vários debates, ficou resolvido que todos os clubes poderão "mandar" jogos no Pacaembú, sendo aprovada então uma proposta do São Paulo F. Club, pleiteando a realização dos seus jogos no Estádio Municipal. A segunda parte da proposta estabelece que os demais clubes tambem poderão se utilizar do Estádio, desde que o S. Paulo não mande jogo na data pretendida e que haja acordo recíproco entre os adversário.
Quer dizer, assim, que o estadio figura na liga como campo oficial do São Paulo para os seus jogos no campeonato, nas datas em que o tricolor deva jogar em seu campo. Fora dessas datas, o estádio é livre, podendo cada clube utilizá-lo para jogos de campeonato desde, naturalmente, que faça um acordo com a Prefeitura e com seu adversário.***
Os adversários foram bem sucedidos em vetar a idéia original do São Paulo: Como o artigo 100 do estatuto da Liga impedia que um clube adotasse, de modo oficial, um campo/estádio já usado por outro, também de modo oficial, o Tricolor, pioneiro, saiu a frente em negociações com a Prefeitura para o uso preferencial (de modo geral) e exclusivo (em campeonatos) do Estádio Municipal.
A reunião convocada acabou por derrubar esse artigo 100 (rasgaram o estatuto), impedindo a exclusividade de uso em jogos de campeonato. Todavia, os termos já acordados entre São Paulo e Prefeitura valiam independentemente disto. Assim, o Tricolor fez valer seu uso preferencial do Estádio, tendo a Liga que reconhecer o fato e impor isto aos demais filiados.
O arrendamento, nos termos que se conhece hoje, não ocorreu. Mas definitivamente, e de modo oficial, o Pacaembu, nos anos 40, era a casa do São Paulo Futebol Clube.
A reunião convocada acabou por derrubar esse artigo 100 (rasgaram o estatuto), impedindo a exclusividade de uso em jogos de campeonato. Todavia, os termos já acordados entre São Paulo e Prefeitura valiam independentemente disto. Assim, o Tricolor fez valer seu uso preferencial do Estádio, tendo a Liga que reconhecer o fato e impor isto aos demais filiados.
O arrendamento, nos termos que se conhece hoje, não ocorreu. Mas definitivamente, e de modo oficial, o Pacaembu, nos anos 40, era a casa do São Paulo Futebol Clube.
Que história maluca rs
ResponderExcluirque legal isso..na verdade o SPFC só tinha preferência, mas o estádio continuava sendo de todos, certo??
ResponderExcluirabraços.
Pois é... Mesmo nos planos originais (antes do veto dos companheiros de federação), continuaria sendo.
ResponderExcluirA questão era referente, mesmo, ao antigo estatuto. Pois, por ele, depois desse acordo SPFC-Prefeitura, ninguem mais poderia jogar partidas de campeonato paulista lá.
A proibição nao seria propria do acordo SPFC-Prefeitura, mas desse estatuto...
Genial!! O SPFC tem duas casas... Já a nosso co-co-irmão tem de usufruir de uma bucólica fazendinha...
ResponderExcluirÉ bom lembrar que o Pacaembu é o 2o estádio onde o SPFC mais atuou até hoje (são quase 1000 jogos no Municipal).
ResponderExcluirFaltam exatamente 6 para mil. =)
ResponderExcluirComendo de colher... O que isso significava?
ResponderExcluirFartura, quer dizer que estava tudo as mil maravilhas, que iam se fartar, por ai
ResponderExcluircreio.