Éder Jofre (São Paulo, 26 de março de 1936) é um dos maiores ícones do esporte nacional que se consagrou como pugilista e obteve três títulos mundiais lutando sob as cores do São Paulo Futebol Clube. Por suas conquistas na Categoria Galo do boxe, herdou o apelido Galinho de Ouro.
Nascido no bairro do Peruche, em São Paulo, Éder cresceu seguindo os passos do pai, Kid Jofre, respeitado boxeador. Iniciou sua carreira esportiva em 1953, disputando e conquistando o tradicional torneio amador Forja dos Campeões. Seguiu invicto os anos.
Em 1956, após conquistar o Campeonato Latino-Americano, representou o Brasil nas Olímpiadas de Melbourne, Austrália. Favoritíssimo ao título, o Brasil depositara "esperança de Ouro" no Galinho. Todavia, por má organização da federação brasileira, que o pôs para treinar com um sparring (Celestino Pinto) de uma categoria mais pesada (Peso Médio), teve seu nariz quebrado, e respirando somente pela boca, perdeu a 2ª eliminatória olímpica para o chileno Claudio Barrientos - sobre o qual, futuramente, obteria sua revanche de forma espetacular: o derrubando sete vezes antes de pô-lo a nocaute.
No ano seguinte se profisionalizara, e no posterior sagrou-se Campeão Brasileiro de Galos. Em 1959 seu nome já constava no ranking da World Boxing Association. Em seguida, vencera o Campeonato Sulamericano (1960) numa luta de 15 assaultos contra Ernesto Miranda, partindo então para sua primeira e das maiores conquistas, o cinturão do Campeonato Mundial de sua categoria. Nas qualificatórias, teve um dos seus mais árduos embates, contra o mexicano Joe Medel, que passou nove rounds batendo fortemente em Jofre. Mas, sempre muito técnico, Éder, no último round, fez o mexicano beijar a lona após uma bela seqüência de golpes, vencendo-o por K.O.
Veio então o Mundial da WBA (Associação Mundial de Boxe, dos EUA), de modo até facil - se comparado com a contenda anterior - , onde nocauteou, no 6º assalto, o mexicano Eloy Sanches. Nessa altura, seu currículo era invejável: 24 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota.
Então em 1962, unificou o título mundial ao vencer o irlandês Johhny Caldwell da UEB (União Européia de Boxe, que em 1963 passaria a se chamar Conselho Mundial de Boxe, CMB), tornando-se o único campeão mundial da categoria.
De 1960 à 1965 colocou e defendeu seu título por 7 vezes com sucesso, vencendo todas as lutas por nocaute. Recorde, então, de maior defensor de título de Peso Galo em lutas consecutivas, vencidas por K.O., incluindo a série de 5 lutas disputadas no Brasil.
Em 1965 perdeu seu titulo em uma luta muito contestada, disputada em Nagoya e decidida por pontos, contra o japonês Fighting Harada. Em 1966 tentou a revanche, e em nova luta confusa, e controversa no Japão, novamente saiu derrotado. Desgostoso com os jurados e o boxe, decidiu afastar-se das competições, até 1969, quando regresso agora na Categoria Pena e de volta ao ranking mundial já em 1970.
Logo seria novamente o dono do mundo..
(trechos a seguir de "A identidade nacional e os atletas brasileiros: Éder Jofre e seu lugar na memória", dos autores: Márcio Humberto Lima de Souza e Luís Otávio Teles Assumpção, da Universidade Católica de Brasília).
Logo seria novamente o dono do mundo..
(trechos a seguir de "A identidade nacional e os atletas brasileiros: Éder Jofre e seu lugar na memória", dos autores: Márcio Humberto Lima de Souza e Luís Otávio Teles Assumpção, da Universidade Católica de Brasília).
"Dia 5 de maio de 1973, no Ginásio de esportes de Brasília, Éder Jofre sagrou-se campeão Mundial da categoria Pesos Pena após vencer o espanhol José Legra. [...] No dia 06 de maio a capa do Correio Brasiliense vem em letras grandes com uma foto de meia pagina e informa: Éder é o campeão mundial dos pesos pena. Uma imagem memorável de Éder sendo levantado e carregado pelo público que invadiu o ringue após o anúncio da sua vitória. Éder vestia a camisa do São Paulo Futebol Clube e erguia a bandeira do nosso país. Cercado por fãs, jornalistas, fotógrafos e a policia que fazia a segurança do local. A sua vitória deu-se pela contagem de pontos.
Especialistas e comentaristas, antes do resultado da arbitragem, disseram que a performance de Éder Jofre foi perfeita, altamente técnica, explorando todas as falhas do adversário. A luta de Éder foi tão perfeita que em um momento ele aplicou uma série de golpes no fígado e no baço, quase levando o adversário a nocaute. A TV Brasília transmitiu a luta no dia seguinte ás 13h00min com exclusividade. O mais interessante é que no mesmo dia era final do campeonato carioca de futebol e deram mais ênfase á transmissão da luta gravada do que à transmissão da partida de futebol, ao vivo.
Especialistas e comentaristas, antes do resultado da arbitragem, disseram que a performance de Éder Jofre foi perfeita, altamente técnica, explorando todas as falhas do adversário. A luta de Éder foi tão perfeita que em um momento ele aplicou uma série de golpes no fígado e no baço, quase levando o adversário a nocaute. A TV Brasília transmitiu a luta no dia seguinte ás 13h00min com exclusividade. O mais interessante é que no mesmo dia era final do campeonato carioca de futebol e deram mais ênfase á transmissão da luta gravada do que à transmissão da partida de futebol, ao vivo.
Três anos mais tarde, [por motivo do falecimento de seus pais, e seu irmão, n/e], Éder Jofre abandona definitivamente os ringues com um score fantástico: em 81 lutas, sendo 77 vitórias, 52 por nocaute, dois empates e apenas duas derrotas.
Sete anos mais tarde, em 1983, foi eleito pelo Conselho Mundial de Boxe o melhor peso galo do boxe contemporâneo, reconhecido pela Organização das Nações Unidas. Em 1992, nove anos após esta homenagem, Éder Jofre foi indicado por especialistas a fazer parte do Hall of Fame do boxe mundial. Nessa ocasião, Éder Jofre foi eleito entre os 50 melhores boxeadores da era moderna; seu nome está lá, marcado como 9º melhor lutador da história, sendo reconhecido como um dos maiores boxeadores do mundo. Éder Jofre é um dos maiores pugilistas de todos os tempos. Grande feito para um brasileiro, uma vez que o Brasil não tem grande tradição nesse esporte. Não é pela falta de esforço nacional em perpetuar os feitos dos atletas brasileiros que Éder Jofre ficaria sem a sua parcela na memória de nosso país. Jofre ainda é tido como grande nome nacional por praticantes e admiradores do boxe no país, muitos deles se orgulham de ter assistido a uma de suas lutas.
Éder Jofre foi considerado o 36º, dentre os 50 melhores pugilistas de todos os tempos pela ESPN USA, em uma eleição feita recentemente. Embora gere muita controvérsia, este tipo de eleição é sempre interessante. Algo que certamente prejudicou o ranqueamento do brasileiro na eleição da ESPN diz respeito ao fato dele ter feito poucas lutas nos Estados Unidos em sua carreira, apenas três do seu total de 78 combates.
Éder Jofre, porém, mesmo neste novo ranking da ESPN, ficou à frente de boxeadores fenomenais como Thomas Hearns, Larry Holmes, Oscar De La Hoya, Evander Holyfield, Carlos Monzon, Roy Jones Jr. e Mike Tyson. O fato é ainda mais relevante se observarmos que as categorias mais leves, como a do Peso galo, na qual o brasileiro se destacou, nunca receberam o merecido destaque nos Estados Unidos. Campeão do Peso galo entre 1960-1965 e do Peso pena entre 1973-1974, o Galo de Ouro merece estar entre os melhores de todos os tempos. Tinha uma técnica perfeita, movimentos de grandeza, um dos maiores ganchos de esquerda já vistos, além de uma excelente defesa".
Éder Jofre, porém, mesmo neste novo ranking da ESPN, ficou à frente de boxeadores fenomenais como Thomas Hearns, Larry Holmes, Oscar De La Hoya, Evander Holyfield, Carlos Monzon, Roy Jones Jr. e Mike Tyson. O fato é ainda mais relevante se observarmos que as categorias mais leves, como a do Peso galo, na qual o brasileiro se destacou, nunca receberam o merecido destaque nos Estados Unidos. Campeão do Peso galo entre 1960-1965 e do Peso pena entre 1973-1974, o Galo de Ouro merece estar entre os melhores de todos os tempos. Tinha uma técnica perfeita, movimentos de grandeza, um dos maiores ganchos de esquerda já vistos, além de uma excelente defesa".
Títulos
- Campeão da Forja de Campeões (amador) - 1953
- Campeão Latino-Americano (Montevidéu) - 1956
- Campeão Brasileiro dos galos - 1958
- Campeão Sul-americano dos galos - 1960
- Campeão Mundial da AMB (Associação Mundial de Boxe) dos galos - 1960
- Campeão Unificado (títulos pelas federações americanas e européias) dos galos - 1962
- Campeão Mundial dos penas pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe) - 1973
Premiações e Honrarias
- Melhor "peso galo" do mundo - 1963.
- Melhor "peso galo" de todos os tempos Conselho Mundial de Boxe (CMB) - 1983, na ONU.
- Melhor na categoria de peso na América Latina - Imprensa da República Dominicana.
- Pugilistas que defenderem com sucesso o seu cinturão nos galos ganham o "Troféu Eder Jofre".
- Indicado para o "Hall da Fama" do boxe - 1992.
- Nono melhor pugilista dos últimos cinqüenta anos - Revista norte-americana "The Ring" - 2002 (Ao lado de monstros do esporte como Sugar Ray Robinson, Muhammad Ali, Julio Cesar Chavez, Sugar Ray Leonard, Roberto Duran, Carlos Monzón).
É dita como uma das imagens mais vistas do Brasil. Honra e memória deste grande atleta tricolor. fonte: Imagens e Letras.
Cartel
Data | Adversário | Local | Resultado | Round |
26/03/57 | Raul Lopez | São Paulo | Vitória - KO | 5 |
23/04/57 | Raul Lopez | São Paulo | Vitória - KO | 3 |
05/05/57 | Oswaldo Perez | São Paulo | Vitória - KO | 10 |
07/06/57 | Oswaldo Perez | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
14/06/57 | Juan C. Gonzales | São Paulo | Vitória - KO | 5 |
05/07/57 | Raul Jaime | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
19/07/57 | Raul Jaime | São Paulo | Vitória - KO | 10 |
16/08/57 | Ernesto Miranda | São Paulo | Empate | 10 |
30/10/57 | Luiz Jimenez | Vitória | Vitória - KO | 8 |
13/12/57 | Adolfo Pendas | Vitória | Vitória - PP | 10 |
22/12/57 | Carlos Garbisans | Rio Janeiro | Vitória -PP | 10 |
24/01/58 | Avelino Romero | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
07/03/58 | Carlos Garbisans | São Paulo | Vitória - KO | 6 |
13/04/58 | German Escudero | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
27/04/58 | German Escudero | R. de Janeiro | Vitória - KO | 2 |
14/05/58 | Rubens Caceres | Montevidéu | Empate | 10 |
10/07/58 | J. C. Acebal | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
09/08/58 | Roberto Olmedo | São Paulo | Vitória - KO | 5 |
12/09/58 | José Casas | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
10/10/58 | José Casas | São Paulo | Vitória - KO | 5 |
14/11/58 | José Smecca | São Paulo | Vitória - KO | 7 |
12/12/58 | Roberto Castro | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
23/03/59 | Aniceto Pereyra | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
20/04/59 | Sal Suarez | São Paulo | Vitória - KO | 4 |
04/06/59 | Leo Espinosa | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
19/06/59 | Angel Bustos | São Paulo | Vitória - KO | 4 |
06/07/59 | Angel Bustos | São Paulo | Vitória - KO | 1 |
31/07/59 | Rubens Caceres | São Paulo | Vitória - KO | 7 |
09/10/59 | Angel Bustos | São Paulo | Vitória - KO | 4 |
30/10/59 | Gianni Zuddas | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
12/12/59 | Danny Kid | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
19/02/60 | Ernesto Miranda | São Paulo | Vitória - PP | 15 |
10/06/60 | Ernesto Miranda | São Paulo | Vitória - KO | 3 |
15/10/60 | Claudio Barrientos | São Paulo | Vitória - KO | 8 |
18/08/60 | Joe Medel | Los Angeles | Vitória - KO | 10 |
30/09/60 | Ricardo Moreno | São Paulo | Vitória - KO | 6 |
18/11/60 | Eloy Sanches | Los Angeles | Vitória - KO | 6 |
16/12/60 | Billy Peacock | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
25/03/61 | Pierre Rollo | R. de Janeiro | Vitória - KO | 10 |
18/04/61 | Sugar Ray | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
26/07/61 | Sadao Yaoita | São Paulo | Vitória - KO | 10 |
19/08/61 | Ramon Arias | Caracas | Vitória - KO | 7 |
07/12/61 | Fernndo Soto | São Paulo | Vitória - KO | 8 |
18/01/62 | Johnny Caldwell | São Paulo | Vitória - KO | 10 |
04/05/62 | Herman Marques | S. Francisco | Vitória - KO | 10 |
11/09/62 | Joe Medel | São Paulo | Vitória - KO | 6 |
04/04/63 | Katsutoshi Aoki | Tóquio | Vitória - KO | 3 |
18/05/63 | Johnny Jamito | Manila | Vitória - KO | 12 |
27/11/64 | Bernardo Caraballo | Bogotá | Vitória - KO | 7 |
17/05/65 | Fighting Harada | Nagoya | Derrota - PP | 15 |
05/11/65 | Manny Elias | São Paulo | Empate | 10 |
01/01/66 | Fighting Harada | Tokyo | Derrota - PP | 15 |
27/08/69 | Rudy Corona | São Paulo | Vitória - KO | 6 |
30/01/70 | Nevio Carbi | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
29/05/70 | Manny Elias | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
25/09/70 | Roberto Wong | São Paulo | Vitória - KO | 3 |
05/12/70 | Giovanni Girgenti | São Paulo | Vitória - KO | 10 |
26/03/71 | Jerry Stokes | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
10/06/71 | Domenico Chiloiro | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
10/09/71 | Tony Jamão | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
16/11/71 | Robert Porcel | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
24/03/72 | Guillermo Morales | São Paulo | Vitória - KO | 6 |
28/04/72 | Felix Figueroa | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
30/06/72 | José Bisbal | São Paulo | Vitória - KO | 2 |
18/08/72 | Shig Fukuyama | São Paulo | Vitória - KO | 9 |
29/09/72 | Ejiemei Belhadf | São Paulo | Vitória - KO | 3 |
05/05/73 | José Legra | Brasília | Vitória - PP | 15 |
21/07/73 | Godfrey Stevens | São Paulo | Vitória - KO | 4 |
26/08/73 | Frankie Crawford | Bauru | Vitória - PP | 10 |
20/10/73 | Vicente Saldivar | Salvador | Vitória - KO | 4 |
03/01/73 | Filiberto Herrera | Jundiaí | Vitória - PP | 10 |
24/02/76 | Enzo Farnelli | Porto Alegre | Vitória - KO | 4 |
01/05/76 | Michel Lefebvre | Brasília | Vitória - KO | 3 |
29/05/76 | Pasqualino Morbidelli | São Paulo | Vitória - KO | 4 |
02/10/76 | Gitano Jimenez | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
13/08/76 | Juan Lopez | São Paulo | Vitória - PP | 10 |
08/10/76 | Octavio Gomez | São Paulo | Vitória - PP | 12 |
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