Texto originalmente publicado em 11 de outubro 2017 no site saopaulofc.net.
Todo são-paulino sabe que os anos 60 foram os mais difíceis em termos de conquistas na história do Tricolor, principalmente pelo esforço hercúleo de se construir e finalizar o Estádio do Morumbi - o maior estádio particular do mundo, à época. Difícil também porque nesse período o Santos, de Pelé e cia., atrapalhava um pouco...
Ainda assim, o Tricolor tem um jogo inesquecível frente ao time que dominou o cenário futebolístico daquela década e que todo torcedor - principalmente os que estiveram no Pacaembu no dia 15 de agosto de 1963 - gosta de lembrar (e também tirar um sarro).
Naquele quinta-feira, a tarde, a expectativa do público era o de um grande clássico. Cinco meses antes, o São Paulo sofrera nas mãos dos rivais a maior goleada já imposta por eles (2 a 6). Agora, os tricolores queriam a desforra. A imprensa, por sua vez, destacava o duelo entre o santista Pelé e o ex-santista e então tricolor Pagão, apregoando que seria um confronto equilibrado.
Todo são-paulino sabe que os anos 60 foram os mais difíceis em termos de conquistas na história do Tricolor, principalmente pelo esforço hercúleo de se construir e finalizar o Estádio do Morumbi - o maior estádio particular do mundo, à época. Difícil também porque nesse período o Santos, de Pelé e cia., atrapalhava um pouco...
Ainda assim, o Tricolor tem um jogo inesquecível frente ao time que dominou o cenário futebolístico daquela década e que todo torcedor - principalmente os que estiveram no Pacaembu no dia 15 de agosto de 1963 - gosta de lembrar (e também tirar um sarro).
Naquele quinta-feira, a tarde, a expectativa do público era o de um grande clássico. Cinco meses antes, o São Paulo sofrera nas mãos dos rivais a maior goleada já imposta por eles (2 a 6). Agora, os tricolores queriam a desforra. A imprensa, por sua vez, destacava o duelo entre o santista Pelé e o ex-santista e então tricolor Pagão, apregoando que seria um confronto equilibrado.
O Esporte
Mas o que se viu em campo foi uma supremacia são-paulina: o Tricolor goleou o Santos. Não foi nem a maior goleada já aplicada sobre o rival em todos os tempos (9 a 1 em 1944 é hors concours), ainda assim, deu pro gasto. O resultado provocou uma reação nunca vista contra esse adversário e que jamais voltou a ocorrer: o Santos abandonou o jogo, aliás, não somente: fez cai-cai e fugiu de campo. É o expressamente dito nos jornais da época.
Sem colocar a carroça na frente dos bois, vamos do princípio. 60.115 pessoas foram ao Pacaembu ver o SanSão válido pelo Paulistão de 1963. A casa cheia motivou os tricolores a partir para o ataque e assim, logo aos cinco minutos, Faustino recebeu um passe de Martinez pela direita, cortou para o meio, se livrou de Aparecido e driblou Mauro e Dalmo na entrada da área. Cara a cara com o goleiro, chutou rasteiro sem chance alguma para Gilmar: 1 a 0 para o São Paulo! Que golaço!
Sem colocar a carroça na frente dos bois, vamos do princípio. 60.115 pessoas foram ao Pacaembu ver o SanSão válido pelo Paulistão de 1963. A casa cheia motivou os tricolores a partir para o ataque e assim, logo aos cinco minutos, Faustino recebeu um passe de Martinez pela direita, cortou para o meio, se livrou de Aparecido e driblou Mauro e Dalmo na entrada da área. Cara a cara com o goleiro, chutou rasteiro sem chance alguma para Gilmar: 1 a 0 para o São Paulo! Que golaço!
Imediatamente após o gol, o Tricolor teve cinco chances para ampliar o placar, mas desperdiçou as oportunidades (parou nas mãos do arqueiro). Dias, naquela altura, era quase como um sexto atacante são-paulino, tabelando com Faustino e Pagão. Apesar desse volume de jogo, aos 21 minutos, o Santos empatou com um gol de peixinho de Pelé.
O tento rival por pouco tempo desestabilizou o esquema de jogo do Mais Querido e os adversários passaram a incomodar mais no ataque. Porém, o sistema defensivo do Tricolor corrigiu a falha que proporcionou o gol de empate santista (deslocando Jurandir e até Sabino para o lado esquerdo, impedindo novas bolas na área; no direito, Deleu deu conta de Pepe e Pelé não achava espaço).
O tento rival por pouco tempo desestabilizou o esquema de jogo do Mais Querido e os adversários passaram a incomodar mais no ataque. Porém, o sistema defensivo do Tricolor corrigiu a falha que proporcionou o gol de empate santista (deslocando Jurandir e até Sabino para o lado esquerdo, impedindo novas bolas na área; no direito, Deleu deu conta de Pepe e Pelé não achava espaço).
Assim, em pouco tempo o São Paulo já mandava na partida novamente. Não causou estranheza que, aos 37 minutos, tenha balançado as redes: Pagão, fazendo jus à torcida, roubou a bola do ex são-paulino Mauro na altura do meio do campo e lançou para Benê, que rapidamente tocou de volta para Pagão. Enquanto o atacante ajeitava a pelota, o meia disparou ao ataque, onde recebeu mais uma vez a bola, agora já de frente a Gilmar. Foi só tocar para o fundo do gol: 2 a 1 para o São Paulo! Que tabela!
A maneira como ocorreu o segundo gol do Tricolor deve ter sido um baque daqueles para os jogadores do time praiano, pois, apenas três minutos depois, o São Paulo chegou facilmente ao terceiro gol...
A maneira como ocorreu o segundo gol do Tricolor deve ter sido um baque daqueles para os jogadores do time praiano, pois, apenas três minutos depois, o São Paulo chegou facilmente ao terceiro gol...
O Esporte
Os oponentes, após esse tento, reclamaram muito da validação pela arbitragem. O juiz, Armando Marques, então expulsou Coutinho, por tê-lo dito "Todo o jogo você #$!%@#$" (censura minha, expressa em A Gazeta Esportiva). A lenda, porém, diz que o atleta teria atacado a masculinidade do apitador: "Satisfeito, florzinha?". O fato é que a atitude do árbitro causou a explosão e a revolta de Pelé, em seguida: "Ele não está expulso, seu ladrão!". O camisa 10 santista foi o próximo a ver o olho da rua.
Se 11 contra 11, a situação estava feia para o time alvinegro, com dois a menos pintava uma chance do São Paulo relembrar 1944. O 3 a 1, que marcava o fim do primeiro tempo, apesar de bom, não refletia a tremenda superioridade do conjunto tricolor na partida: tinha tudo para ser um vareio daqueles.
Antecipando as possibilidades futuras, muitos no Pacaembu imaginavam que o Santos sequer voltaria para a etapa final. Posteriormente, em A Gazeta Esportiva, o técnico são-paulino Brandão afirmou que o médico do adversário, o Dr. Salerno, havia dito a ele que o time praiano melaria o jogo.
Antecipando as possibilidades futuras, muitos no Pacaembu imaginavam que o Santos sequer voltaria para a etapa final. Posteriormente, em A Gazeta Esportiva, o técnico são-paulino Brandão afirmou que o médico do adversário, o Dr. Salerno, havia dito a ele que o time praiano melaria o jogo.
A Gazeta Esportiva
Mas sim, o Santos subiu ao gramado do Pacaembu para a segunda etapa. Porém, com oito jogadores - um a menos que o esperado. Aparecido (misteriosamente) contundiu-se no vestiário - disseram. Vale lembrar que naquela época em jogos de campeonato não eram permitidas substituições.
Foi só bola rolar que começou o cai-cai e revelou-se a trama. Aos três minutos, em uma jogada banal, de encontrão de Bellini com Pepe, este se atira ao chão, praticamente ferido de morte... Agora o Santos tinha sete em campo - o limite para o jogo seguir.
Foi só bola rolar que começou o cai-cai e revelou-se a trama. Aos três minutos, em uma jogada banal, de encontrão de Bellini com Pepe, este se atira ao chão, praticamente ferido de morte... Agora o Santos tinha sete em campo - o limite para o jogo seguir.
E seguiu, com o Tricolor no ataque, mesmo meio "sem jeito" com tudo o que acontecia. Enfim, era obrigação fazer mais gols, e o fez: Aos cinco minutos, Dias dominou pela direita, viu Pagão avançando pelo meio e lançou primorosamente para o atacante. Ainda na corrida, bateu prontamente para o gol e anotou, sem chance para o goleiro: 4 a 1 São Paulo! Que finalização!
Pena que não deu para mais nada. Na saída de bola, Dorval alardeia contusão após chutar a bola... O cai-cai foi indecente de descarado. Com a atitude dos santistas, com somente seis atletas no relvado, não restou ao árbitro nada mais do que encerrar a partida aos oito minutos do segundo tempo. Só foram disputados 53 dos 90 minutos regulamentares.
Pena que não deu para mais nada. Na saída de bola, Dorval alardeia contusão após chutar a bola... O cai-cai foi indecente de descarado. Com a atitude dos santistas, com somente seis atletas no relvado, não restou ao árbitro nada mais do que encerrar a partida aos oito minutos do segundo tempo. Só foram disputados 53 dos 90 minutos regulamentares.
O São Paulo não pôde alcançar o recorde de 1944, mas, de todo jeito, a partida entrou para a história como "aquela vez que o time do melhor jogador do mundo de todos os tempos fugiu de campo com medo de sofrer uma goleada implacável do Tricolor".
Depois desse jogo, o time santista, que era campeão mundial, etc. e tal, desandou de vez e terminou o Campeonato Paulista na terceira colocação, atrás do próprio São Paulo, vice-campeão. Coube ao Mais Querido, ainda, uma conquista que se iniciou imediatamente após essa peleja contra o Santos: A Pequena Copa do Mundo, realizada na Venezuela, onde o Tricolor desbancou o Porto e o Real Madrid, com moral.
Depois desse jogo, o time santista, que era campeão mundial, etc. e tal, desandou de vez e terminou o Campeonato Paulista na terceira colocação, atrás do próprio São Paulo, vice-campeão. Coube ao Mais Querido, ainda, uma conquista que se iniciou imediatamente após essa peleja contra o Santos: A Pequena Copa do Mundo, realizada na Venezuela, onde o Tricolor desbancou o Porto e o Real Madrid, com moral.
GOL A GOL
A Gazeta Esportiva e O Estado de S. Paulo
FICHA DO JOGO
SÃO PAULO Futebol Clube 4 x 1 Santos Futebol Clube
15/08/1963. Campeonato Paulista
São Paulo (SP), Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho - Pacaembu,
SPFC: Suly; Deleu, Bellini, e Ilzo; Dias e Jurandir; Faustino, Martinez, Pagão, Benê e Sabino. Técnico: Osvaldo Brandão.
SFC: Gilmar; Aparecido, Mauro e Geraldino; Zito e Dalmo; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Gols: Faustino, 5/1, Pelé, 21/1, Benê, 37/1, Sabino, 40/1 e Pagão, 5/2
Árbitro: Armando Marques
Expulsões: Pelé e Coutinho
Público: 60.115 pagantes
Renda: CR$ 19.950.000,00
Folha de S. Paulo
Era o Colosso.
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