50 anos anos atrás, Éder Jofre começou a gravar seu nome na história
Michael Serra - Arquivo Histórico - Site Oficial 18/8/2010
Los Angeles, Estados Unidos. 18 de agosto de 1960. Entre as cordas do ringue do Olimpic Auditorium um são-paulino lutando bravamente para se manter em pé: Éder Jofre, ainda construindo sua lenda. O combate que travava, transmitido para todo o Brasil por rádio, era uma eliminatória para a disputa do cinturão mundial da categoria dos pesos galos (até 53,524 kg) da Associação Mundial de Boxe. Seu adversário: o oitavo do ranking daquela associação, o mexicano Joe Medel.
Como somente os 10 primeiros colocados do ranking possuem o direito de desafiar o campeão mundial, Jofre teria que derrotar seu oponente em território hostil (o público, cerca de 3 mil pessoas, era composto basicamente por imigrantes do país vizinho) para obter esta posição e ter chances de enfrentar, posteriormente, o campeão mundial da categoria.
Durante os 10 rounds ocorridos naquela noite (eram previstos 12), porém, o cinturão mundial era o que menos importava para Éder Jofre. Preocupava-se mesmo em permanecer erguido. Foi, sem dúvida alguma, o combate mais difícil de toda sua carreira, que até então apresentava um cartel invicto, de 35 lutas, 32 vitórias (22 nocautes) e 3 empates. Éder era favorito, mas Medel era experiente - havia enfrentado antes vários campeões mundiais.
O combate começou favorável para o brasileiro, contudo, no sexto assalto, um liver blow (espécie de gancho curto, direto no fígado) de Mendel quase lhe pôs abaixo, salvando-se nas cordas. Foi tão pesado que Jofre deixou escapar pela boca sua dor, o que só motivou ainda mais o mexicano a ir ao ataque...
Resistiu, ao golpe e ao passar do 6º, 7º e 8º round. No 9º já estava por de mais grogue. Tonto, não foi à lona por incentivo de seu pai e treinador pessoal, Kid Jofre - o criador da escola de boxe do São Paulo, nos anos 40 - que lhe apoiava, não somente com noções técnicas, mas com lembranças de sua família e sua jornada. Em certo momento, já com o nariz quebrado e mal conseguindo respirar, Éder confessou que estava por cair, desistindo: "Pai, acho que não dá mais".
Mas deu. Mesmo sem ar, sem pernas, sem equilíbrio algum, restando-lhe somente a garra e a superação, firmou-se ao ouvir a tranqüilidade do pai: "Ele está pior que você, vamos. Só falta um golpe". E assim, no 10º assalto, com um potente e espetacular direto de direita no ponto mais frágil que existe em um boxeador, o queixo (o impacto e a vibração de um soco nessa parte da cabeça causam reflexos imediatos no cérebro), Éder Jofre pôs seu adversário a beijar a lona e a dormir profundamente - ao menos por alguns segundos.
Assim Éder Jofre iniciou sua jornada para a conquista do mundo, a qual completaria ainda em novembro daquele mesmo ano, distante, de 1960. Há cinqüenta anos...
Los Angeles, Estados Unidos. 18 de agosto de 1960. Entre as cordas do ringue do Olimpic Auditorium um são-paulino lutando bravamente para se manter em pé: Éder Jofre, ainda construindo sua lenda. O combate que travava, transmitido para todo o Brasil por rádio, era uma eliminatória para a disputa do cinturão mundial da categoria dos pesos galos (até 53,524 kg) da Associação Mundial de Boxe. Seu adversário: o oitavo do ranking daquela associação, o mexicano Joe Medel.
Como somente os 10 primeiros colocados do ranking possuem o direito de desafiar o campeão mundial, Jofre teria que derrotar seu oponente em território hostil (o público, cerca de 3 mil pessoas, era composto basicamente por imigrantes do país vizinho) para obter esta posição e ter chances de enfrentar, posteriormente, o campeão mundial da categoria.
Durante os 10 rounds ocorridos naquela noite (eram previstos 12), porém, o cinturão mundial era o que menos importava para Éder Jofre. Preocupava-se mesmo em permanecer erguido. Foi, sem dúvida alguma, o combate mais difícil de toda sua carreira, que até então apresentava um cartel invicto, de 35 lutas, 32 vitórias (22 nocautes) e 3 empates. Éder era favorito, mas Medel era experiente - havia enfrentado antes vários campeões mundiais.
O combate começou favorável para o brasileiro, contudo, no sexto assalto, um liver blow (espécie de gancho curto, direto no fígado) de Mendel quase lhe pôs abaixo, salvando-se nas cordas. Foi tão pesado que Jofre deixou escapar pela boca sua dor, o que só motivou ainda mais o mexicano a ir ao ataque...
Resistiu, ao golpe e ao passar do 6º, 7º e 8º round. No 9º já estava por de mais grogue. Tonto, não foi à lona por incentivo de seu pai e treinador pessoal, Kid Jofre - o criador da escola de boxe do São Paulo, nos anos 40 - que lhe apoiava, não somente com noções técnicas, mas com lembranças de sua família e sua jornada. Em certo momento, já com o nariz quebrado e mal conseguindo respirar, Éder confessou que estava por cair, desistindo: "Pai, acho que não dá mais".
Mas deu. Mesmo sem ar, sem pernas, sem equilíbrio algum, restando-lhe somente a garra e a superação, firmou-se ao ouvir a tranqüilidade do pai: "Ele está pior que você, vamos. Só falta um golpe". E assim, no 10º assalto, com um potente e espetacular direto de direita no ponto mais frágil que existe em um boxeador, o queixo (o impacto e a vibração de um soco nessa parte da cabeça causam reflexos imediatos no cérebro), Éder Jofre pôs seu adversário a beijar a lona e a dormir profundamente - ao menos por alguns segundos.
Assim Éder Jofre iniciou sua jornada para a conquista do mundo, a qual completaria ainda em novembro daquele mesmo ano, distante, de 1960. Há cinqüenta anos...
Os melhores momentos da luta
Pois é Serra, é preciso lembrar desta conquista. Vou te enviar algumas fotos que tenho da luta pelo título, em Novembro de 1960.
ResponderExcluirMeu avô, JOSÉ FERNANDO DE MACEDO SOARES JR, foi o dirigente que representou o São Paulo Futebol Clube no evento - só que eram tempos bem diferentes, meu avô pagou a viagem dele e de minha avó, do próprio bolso e ainda conseguiu o dinheiro para custear a viagem de EDER JOFRE e seu Staff. Durante as décadas que meu avõ foi Diretor de Esportes Amadores do Tricolor, ele nunca aceitou dinheiro do clube mesmo para custear suas despesas acompanhando atletas em competições... como disse, era outra época, e outro tipo de dirigentes.