Ao longo de sua vida, o São Paulo Futebol Clube incorporou outros clubes ao seu patrimônio, como também sua própria existência é fruto de fusões anteriores, mas não somente da mais famosa união entre AA das Palmeiras e CA Paulistano – que você pode conferir no texto “Fundação e Refundação”. Este artigo tentará esclarecer e detalhar essas associações.
O Clube Atlético Estudantes Paulista.
Fundado em 02 de junho de 1937, o Clube Atlético Estudantes Paulista se fundiu ao São Paulo Futebol Clube em 1938, após disputar uma única partida pelo Campeonato Paulista. Essa junção propiciou ao Tricolor, por acordos mútuos, além de jogadores (mais precisamente, metade do antigo time titular, dentre eles um futuro presidente: Roberto Gomes Pedrosa), um novo técnico: Vicente Feola, e um novo presidente: o médico Piragibe Nogueira. Aliás, foi dele o voto de minerva que manteve o nome São Paulo FC no clube.
O clube também herdou um pequeno estádio na Rua da Moóca, chamado Antônio Alonso (por vezes também Antarctica Paulista). Foi lá que o São Paulo mandou seus jogos até a inauguração do Pacaembu em 1940. Todavia, este campo não pertencia formalmente ao Tricolor, como será visto mais a frente.
Vale lembrar que tal fusão foi impulsionada, principalmente, por causa de um desarranjo financeiro no caixa do Estudantes Paulista, que, pouco antes, fora tapeado em uma excursão ao Chile e Peru por um empresário que ficou com todos os rendimentos obtidos das partidas. O clube estava frente à extinção e a aliança com o São Paulo foi um bônus para ambos os times.
“Em 25 de agosto, o novo São Paulo (com seis jogadores do Estudantes) estreava contra o Corinthians. Foi uma bela vitória, 3x0" - para o tricolor. Diz o almanaque tricolor de Alexandre da Costa.
O Clube Atlético Estudantes de São Paulo.
Porém, a história do Estudantes Paulista é mais antiga e remonta ao próprio Tricolor Paulista. Em maio de 1935, desgostosos com a fusão com o Tietê, jogadores e diretores do antigo São Paulo resolveram fundar um novo clube, inspirados nas diretrizes do Estudiantes de
Disputou os campeonatos paulistas de 1935 e 1936, terminando na 3ª e 6ª colocação, respectivamente. Quando uma proposta tentadora lhes ocorreu.
O Clube Atlético Paulista.
Clube fundado em 1934, o Paulista disputou três campeonatos paulistas, de 1934 à 1936 (com 7º, 6º e 10º lugares). Sua existência por si só não chamaria muita atenção. Mas foi da união do Clube Atlético Paulista com o Clube Atlético Estudantes de São Paulo que surgiu o Clube Atlético Estudantes Paulista, que mais tarde retornaria ao seio tricolor.
O clube mandava seus jogos no já citado estádio Antônio Alonso – fator que atraiu a fusão com o Estudantes. E jogava lá não por ser sua propriedade, mas por ser sua herança. Afinal, o CAP também era resultado de uma outra fusão, que incluía o verdadeiro dono do campo da Moóca – o que explica bem o apelido de Antarctica Paulista do estádio.
O Antarctica Futebol Clube.
O clube da Companhia Antarctica Paulista foi criado em 1915 para que servisse de recreação aos trabalhadores da indústria. Participava desde 1917 dos campeonatos inferiores da APEA, chegando à 1ª Divisão em 1926, com a criação da LAF, permanecendo nela até o fim da mesma federação em 1929 – voltando ao segundo escalão da APEA.
Em
O Sport Club Internacional.
Campeão Paulista por duas vezes, 1907 e 1928, o Sport Club Internacional esteve presente no primeiro certame do torneio, em 1902. Fora fundado em 19 de agosto de 1889, na Rua Senador Queirós, nº 5, por um grupo de 25 pessoas lideradas por Antônio Campos. Os integrantes eram de várias nacionalidades, por isto a razão deste nome.
(Todavia, um senhor alemão desgostoso, chamado Hans Nobiling, saiu da reunião e, postumamente, fundou o Sport Club Germânia).
Seus jogos eram realizados na Chácara Dulley, onde atualmente se encontra uma das avenidas mais importantes da cidade, a Avenida Tiradentes, e sempre atraíram muita gente, pois era, inicialmente, a única equipe que aceitava qualquer um como jogador, sem distinção de classe, colônia ou cor.
Futuramente, um de seus fundadores também participou da criação do Sport Club Internacional de Porto Alegre.
Todavia, também resistente ao profissionalismo, o clube fecha suas portas e seus integrantes aceitam a proposta da Companhia Antarctica, o que resulta no nascimento do Clube Atlético Paulista.
A Associação Alemã de Esportes – Deutsch Sportive.
Muita lenda (e também calúnia) envolve esta associação. Vamos aqui elucidar certos pontos. Eis aqui parte de um artigo denominado “Clubes de imigrantes na cidade de São Paulo-SP”, de Maria Cláudia Guedes, bacharel
“Quase sem registro também consta da história dos clubes alemães a Associação Alemã de Esportes – Deutsch Sportive. Sua Localização era entre os clubes Estrela, Sírio e Força Pública. Era um clube com muitas atividades, como, por exemplo, a ginástica e a ginástica de aparelhos com equipe de exibição. Tinha campos de futebol, minipista de atletismo, bolão e cochos nas lagoas para a prática da natação. Era, portanto, no atletismo que a Associação Alemã mais se destacava. Infelizmente com o advento da Segunda Guerra e todos os preconceitos que quase fizeram desaparecer as associações italianas e alemãs, o Deusch Sportive não conseguiu sobreviver, associou-se com o São Paulo Futebol Clube e desapareceu”.
GUEDES, C. M. ; ZIEFF, Susan Gail ; LABRIOLA, P. . Clubes de Imigrantes. In: Lamartine Pereira da Costa. (Org.). Atlas Esportivo Brasileiro. 2004.
Destaque para “associou-se”. E também, Celso Dario Unzelte, jornalista, professor e pesquisador, no programa “Fanáticos por Futebol” de Marcelo Duarte (Rádio Bandeirantes: 22:00h) discorre sobre esse clube de imigrantes alemãs antigamente sediado no que hoje é o Canindé.
Segundo ele, o São Paulo Futebol Clube comprou em 29 de janeiro de
Fatalmente, supus que a proposta financeira concluinte dessa transação estava abaixo dos valores de mercado, visto que pelo cenário político qualquer posse ligada ao Eixo assim estava desvalorizada, pois o Governo Federal podia desapropriá-la a custo zero! Mas, ledo engano. Uma pesquisa mais aprofundada revelou o valor da proposta: o equivalente a 740 contos de réis (Conrado Giacomini, 2005). Quase quatro vezes mais o valor do passe de Leônidas da Silva - então a maior transação entre clubes da história do futebol brasileiro.
Todo modo, não somente o dinheiro pesou nessa associação. Segundo a mesma fonte: Unzelte, o clube alemão impôs uma condição: que o São Paulo Futebol Clube permitisse a continuidade das aulas de ginástica aos antigos sócios do clube.
No fim das contas, o São Paulo Futebol Clube foi um escudo à Associação Alemã de Esportes frente Getúlio Vargas.
Unzelte ainda acrescenta que a Associação Alemã de Esportes mudou seu nome (por causa do decreto que impedia qualquer menção às nações do Eixo) para Guarani.
Posteriormente, com o grau de afinidade crescente entre ambos os clubes, o Guarani encerra suas atividades e seus sócios migram ao São Paulo Futebol Clube.
Não se deve esquecer que a sede comprada pelo Tricolor recebeu o singelo apelido de Ilha da Madeira (devido as inundações que ocorriam na várzea do Tietê nas avenidas marginais) e que nele o São Paulo nunca jogou oficialmente, sendo somente sua base de treinamentos até 1956. Em verdade, o clube em 1955 vendeu o terreno e benfeitorias a um conselheiro, Wadih Sadi, que somente em 1956 o vendera a Associação Portuguesa de Esportes (como se chamava à época).
Tudo o mais que não está aqui citado é lenda de cunho capcioso.
O Estrela da Saúde Futebol Clube.
Clube fundado na época em que o distrito da Saúde, zona sul de São Paulo, ainda era praticamente uma vila distante (1917), o Estrela da Saúde possui enorme tradição no futebol amador e varzeano da cidade. Sua maior glória foi o título de campeão amador do interior em 1949. O que permitiu a entrada ao nível profissional, onde disputou por 11 anos as divisões de acesso do futebol do estado.
Sua sede é em um terreno de
“Não tínhamos dinheiro pra nada. O clube estava numa situação muito difícil, com uma dívida de R$300 mil reais em impostos atrasados. Foi então, que depois de muito pensar, reunir diretoria e discutir bastante, vimos que não haveria outra saída, senão fazer uma parceria com o São Paulo F.C. Se não fosse isso, o Estrela não existiria mais".
Emocionado, Geraldo Delapino, presidente do clube, conta como tudo ocorreu: "Levei até o nosso clube o Fernando Casal Del Rey, então presidente do São Paulo. Disse a ele que não pediria emprego à minha família, não queria vantagens pessoais, não corrompia, não era corrompido e não falava
O clube do Morumbi assumiu a dívida do Estrela e ainda as equipes infantil, juvenil e júnior. Os jogadores dessas categorias de base também lhes pertencem. "O Estrela é uma espécie de vestibular para os atletas. Nós os preparamos e os melhores são aproveitados pelo São Paulo". De acordo com a negociação, o São Paulo ainda se responsabiliza em profissionalizar o time. Em troca, o Estrela da Saúde cede-lhes, como comodato, 80 mil m² do seu terreno.
Trechos retirados de: www.simmm.com.br/memorias/estreladasaude. Vale a pena conferir!
Obrigado pela “audiência”, caros palestrinos que aqui visitam.
ResponderExcluirQuando escrevi esse post ainda não conhecia certos detalhes da transação entre Deutsch Sportive e São Paulo.
Hoje sei.
Concentrem-se em uma coisa: As fontes são dignas de notas. Uma Doutora renomada e o jornalista Celso Unzelte.
Os caluniadores não possuem nada.
Agora cabe-me explicar onde havia dito (pois corrigi) “compra abaixo do preço” do Canindé. Eu fiz uma suposição com o cenário da época,
Mas eis que, pesquisando DEPOIS e mais a fundo, descubro que a compra foi de quase 800 contos de reis. 4 vezes o valor de Leonidas da Silva (que na epoca fora a contratação mais cara da história do futebol brasileiro).
Maiores detales
O preço foi mais que justo.
Por fim, quanto recalque, palestrinos. Vocês nunca encontrarão uma linha sequer em minha página destinada a atacar os rivais. E olha que material sujo e porco sobre o palmeiras eu tenho de montes, desde subornos e uns 5 abandonos de jogo, até de campeonatos.
'E olha que material sujo e porco sobre o palmeiras eu tenho de montes, desde subornos e uns 5 abandonos de jogo, até de campeonatos.'
ResponderExcluirMichael, você pode repassá-los ao Geraldo Lina, que em seu blog aborda exatamente isso.
Segue o link: http://blogdolina.wordpress.com/
Abs
Estou pesquisando um fato curioso.
ResponderExcluirEm 1982 após um almoço no Bairro do Bexiga, fui convidado pelo já falecido Armandinho a conhecer o museu. Deparei-me com uma foto original na parede, clássica, com um time perfilado escrito São Paulo Varzeano 1923. Exatamente com o uniforme número 2 do SP e o mesmo escudo. Perguntei-me: como, se, pela história oficial,Walter Ostrich, desenhou este escudo em 1930? Como ele aparece neste time? E o uniforme igual também?
Existe alguns fatos que raramente são comentados, como as fusões acima descritas ao o São Paulo Futebol Clube.Uma delas é o fato de realmente ter existido no Bexiga um clube chamado São Paulo F,C em cujas fileiras despontou um garoto chamado Friedenreich, que nasceu ali.Este time de futebol, disputou a entrada na primeira divisão contra o Corinthians em 1913 e perdeu, porém continuou a lutar, sem nunca ter conseguido se profissionalizar. As ligações de Friedenreich com o bairro e este time sempre se mantiveram e existe uma possibilidade de que quando da fundação a inspiração real trouxe este time ao profissionalismo, por imposição de Friedenreich muito influente na época, jamais admitido, pois, como justificar junto à torcida orfã do Paulistano, e da AA das Palmeiras,de classe média e alta que torceriam para um time varzeano que agora se profissionalizava?Quem torceria para um time, cujos idolos estariam jogando no Palestra ou no Corinthians, pois não havia mais Paulistano. Então, num movimento genial criou-se o SPFC, com a justificativa da fusão dos uniformes etc, etc, mas que na verdade trazia ao profissionalismo um antigo sonho. Outro forte indício refere-se ao fim legal do São Paulo da Floresta e ao seu renascimento. Por que o nome São Paulo FC resistiu, se questões financeiras e pessoais pesavam contra ele?E em relação ao "mercado" era marca muito nova, instável e mal falada.. Só mesmo se explica através da vontade e insistência pela busca de um sonho. E graças ao esforço inclusive de Friedenreich, que sempre teve uma forte ligação com o SPFC até a sua morte.Daí a resistência pelo nome São Paulo F.C
Se a foto aparecer até posso começar a acreditar.
ResponderExcluirMichael, as histórias do São Paulo são, não há como negar, muito controversas. Inúmeras fusões, datas da fundaçao etc. Mas as, talvez, maiores, são as que envolvem os intentos políticos são paulinos ligados à 2° Guerra e as retaliações do Brasil aos bens de intituições italianas, alemãs e japonesas. Há fontes fidedignas que dizem que o SPFC tentou ficar com o Parque Antarctica que quase foi desapropriado e o seria se o Palestra não tivesse virado Palmeiras. A outra é a forma como o Canindé, de propriedade alemã, foi parar nas mãos do São Paulo. Você, vejo fornece uma versão, mas você sabe que há outras. Ou seja, no mínimo, há muita controvérsia que gera muita necessidade de de defesa e argumentações da família são paulina.
ResponderExcluirSe o Sao Paulo nasce da fuzao do C A Paulistano e AA Palmeiras, Porque os 11 Titulos Paulistas do Paulistano nao foram transferidos ao Sao Paulo?
ResponderExcluirPorque é um time falido, faliu 3 vezes, vive de fusões e enganações. A sorte foi que Palmeiras, Corinthians e Portuguesa na época deram esmolas para não falir uma quarta vez e sustentou a refundação 3m 1935 dos trifalidos. Ganharam terreno do governador da época para construir o Morumbi e assim foi indo a vida do clube mais picareta da história que se acha o maior, mas tem uma história vergonhosa.
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